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terça-feira, março 21, 2006

Primavera, Preconceito e Poesia

Hoje a Primavera amanheceu cinzenta e fria sobre o Tejo. Nas suas águas podres do esgoto da vida urbana ficou o reflexo de um sol triste e o desalento de umas esperançosas flores de macieira que haviam desabrochado, no dia anterior, à espera da tal estação de roupas mais leves.
Então e...a brisa leve e perfumada da menina violeta?..E o chilrrear contente dos pássaros ?E o esticar perguiçoso das lagartixas aos primeiros raios mais quentes de sol?
Cheira a manhã de Inverno e só a porra dos pólens (para mal da minha irritada garganta) insisitem em sair voando acelarados para anunciar uma Primavera que hoje não quis ver a ponte sobre o rio. (Quem a pode censurar?)

De qualquer forma, hoje assinalou-se o dia internacional de luta contra a discriminação racial. E isso é uma coisa em que se possa pensar. Discriminação. Preconceito.
E agora podia dizer todas as coisas bonitas que se dizem- Racismo é mau. Somos todos diferentes mas todos iguais. Mas não vou dizer.
Podia gastar toda a minha argumentação sobre a origem da espécie humana e acabaria por concluir que viémos todos do mesmo grupo de macacos evoluídos de África e, como tal, cortar desde logo qualquer outra escravinhada contra-argumentação, distorção histórica, ou todas as desesperadas pseudo-científicó-tretas raciais de diferença, que os partidos de nova juventude ou força ou o que vier nacional tanto gostam de utilizar em vídeos quase comparáveis aos do grande fuher na maravilha do windows media player. Podia até mesmo aproveitá-las para então dar ainda mais razão ao total vazio de qualquer argumento racista, se a questão é de evolução, então todas as diferenças que apontam são apenas fruto de processos de adaptação e, portanto, meramente superficiais, físicas, nem sequer a considerar.
Enfim...podia dizer isso tudo, mas como disse, não o vou fazer. Por que o problema não está na tal contra-argumentação ou distorção ou que for. O problema está na ignorância e no preconceito que estão por detrás delas e é sobre isso, sobre o cerne da questão, que se deve debruçar.
Preconceito. A natureza humana pode ser a coisa produzível mais perversa de todas as existências.
Se o Homem é naturalmente bom ou mau isso não está em questão nem pode representar qualquer tipo de justificação, o facto é que o medo, o orgulho e o ódio fazem, inquestionavelmente parte dela. Se a caridade faz, a ambição também.São estes sentiemntos que nos fazem humanos e é neste impasse que nos debatemos.
O medo do que é diferente e o orgulho e ódio que daí vêm. Orgulho que nos cega face à tolerância e nos isola num falso e arrogante sentido de superioridade e, instintivamente, atacar o que é diferente, odiando-o. E este medo não é só (infelizmente) quanto à diferença física (que pode funcioanr como seu espelho). Está presente no choque com que olhamos e nos permitimos criticar alguém que se vista de modo diferente de nós (ou que nos consideramos não apropriado), que tenha outros gostos ou que simplesmente tenha opiniões diferentes das nossas. E aí não podemos ser hipócritas. Essse choque, esse olhar furtivo, existe dentro de cada um de nós, expressado pelo menos uma vez (mesmo que incoscientemente) por todos nós; num atravessar de estrada assustado ou numa ofensa disfarçada em brincadeira.Em todos nós.
É por isso que não vou dizer nada daquilo e é por isso que este dia é uma treta, tal como todos os dias internacionais de tudo. Não pela falta de importância da sua existência, nomeadamente da chamada de atenção para as questões que levantam, obviamente, mas pela triste situação de apenas serem relembrados nesses dias. É triste que essas questões tenhams equer de ser levantadas.
Mas, longe de falsos moralismos (eu também sou um produto dos pré-conceitos que constrúo ao redor das minhas acções), é então importante ao menos apercebermo-nos deles. Numa altura em que a questão da violência e da guerraestão em debate (e tanta manifestação se faz contra elas), secalhar seria melhor pensar sobre os extremismos (palavra que gostam tanto de usar) que estão na sua base. Nesses «extremismos», que nos compõem a todos e à nossa natureza - as nossas paixões - que compõem as nossas diferente identidades culturais e, acima de tudo, a nossa própria identidade pessoal. Numa altura em que pela mão gananciosa de uns e a febre cega de outros o mais profundo da emoção humana é remexida de forma tão nauseabunda e chocante. A quente fé de uns e o conforto vicioso de outros. Numa altura em que pela mesma mão o mais verdadeiro de ser-se humano é assim , de forma tão baixa, explorado; partido e empacotado em desculpas fáceis de discrusos calorosos, atirando-se uams contra as outras e pelo sangue e entrega de outros, enchendo-se de anéis os seus dedos caprichosos. Dedos sebosos, manchados de pólvora, petóleo e notas gastas- verdadeiras mãos humanas.
É importante então sabermos manter-nos de olhos abertos face a todos os pré-conceitos que nos pretendem impingir e não nos deixarmos levar pela sua raiva ofuscante. Mantermo-nos alerta e conscientes da realidade.
É importante perceber que «a culpa não é do imigrante que rouba o emprego», porque não é o imigrante que está sentado no Parlamento. que a culpa não é dos «monhés malucos», dos «terroristas malucos», mas de quem lhe dá às mãos as armas para as fazer rastilhos da sua fome de destruição. A culpa não é dos «porcos capitalistas» que querem mandar no mundo, mas de quem os coloca os assentos da Assembleia e também de quem usufrui das suas benções pastorais de vidas cómodas e abstraídas, esses malditos «infiéis».
A culpa é da ignorância. A culpa é de todos. Que nunca deixamos vir ao de cima o lado bom da nossa essência humana (que também nos constrói) - a caridade, a partilha, o entendimento - com medo de abrir o coração, e preferimos sempre a defesa do etnocentrismo, do ódio e do egoísmo. (Qual dos dois lados é o mais forte?)

E hoje também foi o dia internacional da poesia.

3 acordou e disse:

  • At 12:27 da tarde, Blogger SuntoryTime said…

    Conhecimento é Poder.

    Ignorância (não) é felicidade.

    Agora o problema é meter estas coisas na cabeça das pessoas...

     
  • At 5:49 da tarde, Blogger Diana said…

    eu acho que no fundo somos é todos maus... não ha outra explicação... :)

    e a comunidadezinha q iamos criar?

     
  • At 8:59 da tarde, Blogger VG said…

    que belo texto para se comemorar o dia da Poesia...es toda feita de poesia, dos teus dedos so podia sair textos poeticos.

     

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